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Polinização: um alerta para o desenvolvimento sustentável global

A polinização realizada por animais é um serviço ecossistêmico essencial para sustentabilidade do planeta e da vida humana. O único modo de atingir a agenda de Desenvolvimento Sustentável 2030 da ONU será protegendo a biodiversidade dos agentes polinizadores. Estamos falhando nisto. Entenda a importância!


O que exatamente é a Polinização?


A polinização é o passo pelo qual o pólen de flores é transferido dos estamens (parte masculina) para o estigma (parte feminina ou receptiva). O objetivo final da polinização é a germinação deste pólen para fertilizar os ovos da flor.


Resumindo de modo mais simples, podemos dizer que a polinização trata-se de uma reprodução sexuada onde há transferência do grão de pólen de uma flor para outra da mesma espécie, o que chamamos de polinização cruzada.


Polinização Sustentável

Processo de polinização


A polinização, portanto, ocorre em duas fases:

Polinização: É o passo, graças a um agente polinizador, pelo qual o pólen passa de uma flor para outra. Existem algumas poucas plantas que não necessitam de polinizadores; neste caso, estamos falando de um processo de auto-polinização.


Fecundação: É o processo que a flor realiza quando o pólen está maduro. Nesse ponto, o pólen passa para o ovário e a fertilização da flor ocorre.


Qual a importância desse processo de polinização?

Aproximadamente 90% das plantas terrestres e 75% dos principais cultivos agrícolas dependem, de alguma forma, do serviço realizado pelos polinizadores, sendo a polinização animal considerada um serviço ecossistêmico chave para a sustentabilidade do planeta e para a vida humana.


A importância da Polinização nos objetivos de sustentabilidade Global


Nesse sentido, a proteção dos polinizadores e do serviço de polinização é amplamente reconhecida como medida necessária para garantir a segurança alimentar e manter a vida na Terra, o que os relaciona diretamente a dois dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável (ODS) – ODS 2 – ‘fome zero’ e ODS 15 – ‘vida em terra’.


Objetivos Sustentáveis ODS
Esta é uma agenda a ser alcançada até 2030, que envolve desde a eliminação de males como a fome e a pobreza à eliminação do medo e da violência, dentre outras medidas necessárias à garantia de vida digna para todos os seres vivos do planeta.

Contudo, pesquisadores como Jeff Ollerton, professor da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, tem chamado a atenção (artigo de seu seu blog) para o fato de que o papel dos polinizadores, assim como suas interações com as plantas, está sendo subestimado ao relacioná-los apenas aos ODS 2 e 15.


De fato, direta ou indiretamente, a biodiversidade e, em particular, as interações entre plantas e polinizadores se relacionam com pelo menos 12 dos 17 ODS.


Portanto, isso precisa ser explicitado com mais frequência e com maior ênfase do que é atualmente, para demonstrar a grande importância desses animais na garantia da nossa sobrevivência.


Essa perspectiva baseiam-se no fato de que, como a sobrevivência a longo prazo de quase todas as plantas terrestres depende dos polinizadores, e estas dominam a maioria dos habitats terrestres – de 40 até 50% em áreas temperadas e até 90 a 100% em habitats tropicais – formando a base da maioria das cadeias alimentares terrestres, a viabilidade e sustentabilidade a longo prazo de grande parte da biodiversidade da Terra podem ser ligadas, direta ou indiretamente, aos polinizadores.


Isso vale também para os biomas marinhos costeiros, que recebem uma entrada significativa de energia e nutrientes dos habitats terrestres, o que também relaciona esses animais ao ODS 14 – Vida na água.


Polinização e vida

À luz desses argumentos é possível analisar como os polinizadores e a polinização estão conectados aos demais ODS, a partir de uma visão sistêmica dos processos envolvidos em cada um desses objetivos.


Por exemplo: podemos então começar pela produção de alimentos, na qual os polinizadores desempenham papel crucial.

Essa contribuição é maximizada com o uso de práticas agrícolas sustentáveis, de baixo impacto à biodiversidade, por garantirem estabilidade na abundância e na riqueza dos polinizadores e no serviço de polinização. Essas práticas, que incluem medidas que protegem à biodiversidade, como redução ou eliminação do uso de agrotóxicos, diversificação de cultivos e proteção de habitats naturais no entorno dos cultivos, estão alinhadas aos conceitos de segurança e soberania alimentares, contemplando, desse modo, não apenas o ODS 2 – erradicação da fome e agricultura sustentável – mas também o ODS 3saúde e bem-estar das populações humanas.


Aos ODS 2 e 3, podemos agregar os ODS 1 e 8, que consistem na erradicação da pobreza e no trabalho decente e crescimento econômico, respectivamente, pois sabemos que a adoção de práticas agrícolas sustentáveis proporcionam melhores condições de vida no campo, criando maior número de nichos de trabalho e mais oportunidades de emprego para populações que se encontram em condição de vulnerabilidade socioeconômica.


Associando-se essas soluções há um maior protagonismo de populações historicamente vulneráveis, pode-se assim ajudar na redução das desigualdades (ODS 10)


As contribuições dos polinizadores no combate às mudanças climáticas (ODS 13) também são claras, por meio da polinização das plantas terrestres. Afinal, uma das principais estratégias nesse combate está relacionada à proteção e recuperação da vegetação, dado o seu importante papel na fixação de estoques de carbono e na regulação climática.

Polinização e sustentabilidade

Nos ambientes rurais, a proteção se dá por meio do combate ao desmatamento e às queimadas, pelo estabelecimento de Reservas legais (RL) e Áreas de Proteção Permanentes (APP). Nas cidades, a recomendação é a criação de uma infraestrutura verde, com parques urbanos, canteiros urbanos com plantas alimentícias e medicinais, telhados verdes, áreas de proteção ambiental, quintais produtivos e hortas urbanas.


Os polinizadores são essenciais para manutenção dessa infraestrutura verde, cujo planejamento deve também dialogar com outras políticas de planejamento urbano, de forma a criar políticas Inter setoriais em prol da mudança de concepção de uma cidade produtiva, adotando modelos de desenvolvimento sustentável que atendam às aspirações das comunidades atuais e futuras, tornando possível alcançar, assim, as metas do ODS 11, cidades e comunidades sustentáveis.


Assim como as artes e a cultura, a Indústria, Inovação e infra-estrutura (ODS 9) também podem beneficiar-se dos polinizadores, como mostram alguns exemplos recentes. Na Expo Milão 2015, o design do pavilhão do Reino Unido, idealizado por Wolfgang Buttress, foi inspirado em uma colmeia, tendo sido batizada com esse nome. Na tecnologia robótica, pesquisadores da Universidade de Harvard estão desenvolvendo um projeto de um RoboBee, cujo objetivo é produzir um enxame de robôs voadores totalmente autônomo, inspirado nas abelhas, para aplicações como busca e salvamento, vigilância e polinização artificial.

Polinização Arquitetura

Ainda na perspectiva mais sistêmica do significado dos polinizadores e do serviço de polinização para a vida no planeta, os ODS, água potável e saneamento (6), vida na água (14) e vida na terra (15) nos colocam diante de mais um cenário oportuno para discutir os benefícios dos polinizadores. Como mencionado no início do texto, cerca de 90% de todas as plantas terrestres com flores dependem de um animal polinizador para cumprir a primeira etapa de seu ciclo reprodutivo.


Essa vegetação acima do solo mantém redes complexas de interações com diversos outros animais, com fungos, bactérias, protozoários, algas, além de outras plantas. O fluxo de matéria e energia nos ambientes terrestres está pautado, primariamente, na regulação de conversão da matéria inorgânica em complexas biomoléculas que sustentam essas redes de interação, afetando todas as espécies que habitam o planeta.


O resultado é, além da preservação dos organismos que vivem associados a esses corpos d’água, a manutenção de uma água de qualidade que pode chegar à casa do consumidor final, com um custo total de tratamento reduzido, com impactos claros na economia e na saúde das populações. Veja um exemplo de como é possível filtrar e tratar águas de esgotos através da filtragem biológica de raízes de plantas. Processo conhecido como Wetlands construídos.


As mudanças necessárias para alcançar esses objetivos também perpassam por uma necessidade mais elementar, que consiste na criação de espaços formais e informais de educação, que possam despertar o interesse da sociedade e contribuam na formação de cidadãos críticos e conscientes do seu papel na sociedade.


O ODS 4,educação de qualidade, está conectado com todos os demais objetivos, visto o papel basilar da educação em prol da ressignificação de valores e promoção de um ideal de sociedade que promova justiça social e crescimento econômico pautado em desenvolvimento sustentável, o que já incorpora as dimensões social e ambiental.


Os Agentes polinizadores


Uma vez que entendemos a importância da polinização na sustentabilidade e vida humana, precisamos entender quem são os agentes polinizadores que garantem essa preservação da biodiversidade do planeta.


Os agentes capazes de transportar pólen são conhecidos como agentes polinizadores ou vetores de polinização. Eles podem ser bióticos (animais) ou abióticos (água e vento).


Polinização por animais

Animais polinizando têm um peso muito importante nas flores. Considera-se que especialmente as espécies de insetos são vitais para o processo e que a destruição de seus habitats pode afetar muito negativamente a reprodução das flores.


Os insetos polinizadores mais comuns são as abelhas (cuja constituição é perfeita para este processo), vespas, formigas, moscas e borboletas. No entanto, também encontramos algumas aves, como o beija-flor, e até mesmo mamíferos, como morcegos ou lêmures.


As abelhas são tão importantes que até ganharam uma data comemorativa: dia 20 de maio, comemora-se o Dia Mundial das Abelhas, estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2018 em homenagem a Anton Janša, esloveno nascido no século XVIII que foi pioneiro na criação e uso de técnicas modernas de apicultura. No Brasil, o Dia Nacional das Abelhas é comemorado em 3 de outubro.


Dia da Abelha I Polinização

Polinização por vento ou água

Plantas anêfilas adaptaram-se para serem polinizados pelo vento. Para fazer isso, eles precisam de muito pólen para que ele possa se mover de flor para flor naturalmente. Exemplos dessas plantas são pinheiros, carvalhos ou faias.

Quando a polinização é feita pela água, as plantas são conhecidas como hidrofílicas. Embora menos comuns que os anêfilos, essas plantas também requerem muito pólen para serem polinizados.


Soluções para preservação dos polinizadores

Jardins verticais e telhados verdes são uma opção perfeita para atrair vetores polinizadores para as cidades e recuperar a presença da biodiversidade que de outra forma desapareceriam nas metrópoles.

Polinização Plantas
Jardins Verticais irrigados com água tratada através de biofiltragem de Wetland - Vertical Garden

Já para projetos de recuperação ambiental e áreas maiores, uma excelente solução é o plantio de espécies nativas e forrações através da Hidrossemeadura.


A técnica de hidrossemeadura consiste na aplicação de uma mistura composta de água, sementes selecionadas de espécies vegetativas com ênfase em gramíneas e/ou leguminosas (exóticas ou nativas), adubos, mulch de fibra de madeira e polímeros. A mistura é aplicada em superfícies sem cobertura vegetal. O preparo leva em consideração as características de cada área e os objetivos pretendidos pelo projeto ou órgão ambiental na vegetação de suas superfícies.

Hidrossemeadura Sustentabilidade Polinização

Como vimos acima, os polinizadores silvestres e manejados, juntos, oferecem muitos benefícios para a humanidade e para o planeta. Ações de uso sustentável e conservação desses animais é uma via que os países podem seguir para alcançar objetivos e metas da Agenda 2030


Quer saber mais sobre essas e outras técnicas? Nós podemos auxiliar com seu projeto!


As grandes dimensões do desenvolvimento sustentável – econômica, social e ambiental – precisam ser pensadas de forma articulada, conforme agendas de curto, médio e longo prazo, buscando soluções para os problemas socioambientais de forma responsável e planejada, a partir de uma visão sistêmica dos sistemas socioecológicos. A conservação dos polinizadores e do serviço de polinização é um caminho que pode guiar a construção dessas agendas mais integradas.


Apresente-nos sua pauta ESG / Sustentável que podemos incluir a polinização ou outros itens sensíveis das metas ODS como premissa desde o planejamento, até a execução e planos de comunicação do projeto.


Nosso corpo técnico é formado por profissionais capacitados e especializados, com ampla experiência em diversas áreas como: Engenharia florestal, Agronômica, Ambiental e Civil; Geologia; Biologia; Sociologia; Geografia; Economia; Direito; Arquitetura e Marketing!

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